Férias (o que ficou)

Tinha decidido que ia aproveitar as férias para tentar ler romances ou outro qualquer tipo de literatura que não jurídica.

Pois, pois, como se isso fosse possível...

Acompanhou-me, portanto, o livro "Casamento entre pessoas do mesmo sexo - sim ou não?" de Pedro Múrias e Miguel Nogueira de Brito.

«Vou começar pelo "Não". Estou farta de ler opiniões pelo sim que dizem sempre o mesmo.»

Erro crasso. Foi a melhor forma de estragar bons momentos de sossego à beira da piscina. Desconfio que até o bronzeado ficou torto nesse dia! :p

Depois de muito blá, blá, blá histórico e jurídico sobre o casamento, o autor Miguel Nogueira de Brito faz afirmações em sentido desfavorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo sem se dar ao trabalho de fundamentar as mesmas e pressupondo que todo aquele blá blá anterior leva inevitavelmente às conclusões que apresenta.
Falacioso... Muito falacioso!

Além disto, apesar do seu notável esforço em esconder (disfarçar?) toda e qualquer homofobia (subconsciente ou talvez não?), o autor cai na esparrela de escrever o seguinte (página 50, 1.º parágrafo, negrito meu):

«Esta afirmação releva, sem dúvida, como valor político susceptível de justificar a abertura aos homossexuais de todas as posições sociais e jurídicas que não são essencialmente alteradas em função dessa abertura. Assim, a orientação sexual de uma pessoa dificilmente poderá ser relevante na perspectiva do exercício de quaisquer cargos políticos ou públicos.»

Será que eu li bem?

"dificilmente poderá ser relevante"?!?

Por favor, avisem o autor de que certamente alguém adulterou a versão original do seu texto. Não é possível que ele tenha mesmo escrito aquilo.

Não tenho a menor dúvida que Miguel Nogueira de Brito escreveu algo como:

"a orientação sexual de uma pessoa jamais poderá ser relevante"

ou

"a orientação sexual de uma pessoa é totalmente irrelevante"

e algum engraçadinho na editora alterou o texto.

É a única explicação que encontro para tal afirmação.



Ah! E a propósito deste post, subi 2 valores na nota!! :D


6 sobreviveram ao "lápis azul":

Berto disse...

Uma pergunta: Casamento, civil ou tb pela igreja? Assunto que desejo à muito debater...

Anônimo disse...

Civil.

O casamento pela igreja está além dos 'tentáculos' do governo.

Certo, gayja? Tu que percebes da coisa.. :P

Parabéns pela nota :)

Áurea disse...

É fácil tecer considerações e formular pseudo-teorias, mas e fundamentá-las??? Ah pois é! Isso já requer ter conhecimento da matéria e certas "mentes iluminadas" não estão para isso.

Parabéns pela subida na nota :)

Anônimo disse...

Ó gayja, a ambição afinal não foi assim tão louca. Parabéns! Quanto ao resto, de certeza que foi a censura...! :P

Gayja disse...

berto,
em relação à Igreja costumo responder com uma música brasileira bem parola que diz assim "tô nem aí, tô nem aí..." Esses que se governem como quiserem.

philip,
'brigada. :)

ad,
por acaso neste caso o senhor até tem conhecimentos só que, como estes o levariam a uma conclusão contrária à que pretende defender com aquele texto, limita-se a dar um salto da argumentação jurídica para a exposição da sua opinião sem passar pela devida fundamentação (talvez porque esta não exista...?). Obrigada! (Gayja com o ego a rebentar) Bjs

pessoa solidária,
afinal valeu a pena arriscar! ;) E sim, deve ter sido a censura! :p

fiel.jardineira disse...

Casar para que? Só dá chatices!! Bjs