Pronto. Não aguento mais. Tenho de escrever sobre isto.

No início até tinha alguma solidariedade com os professores e pensava que de facto eles teriam alguma razão: que o modelo de avaliação proposto não era adequado e tal...
Claro que achava exagerado o protagonismo de alguns líderes sindicais e a teimosia de outros, mas até compreendia que lutassem até ao fim contra aquilo que consideravam ser adequado a conduzir ao descrédito da sua classe profissional.

Depois comecei a ouvir as queixas de alguns professores que se referiam à falta de tempo que ia resultar do modelo de avaliação aprovado... e aí... Alto lá e pára o baile!

Na minha cidade, é incontável o número de professores de escolas públicas que têm tempo para dar várias (várias mesmo!) horas de explicações privadas por semana (sem qualquer declaração desta actividade, claro está...)!
Além disto, toda a gente sabe que os professores do colégio privado que fica no centro da cidade são todos simultaneamente professores das escolas públicas! E depois dizem que não têm tempo?
Compreendo... Não têm tempo para se dedicar ao que devia ser prioritário: o ensino público através do qual auferem uma retribuição custeada por todos os cidadãos portugueses!

Com isto, a minha posição deixou de ser tão favorável aos professores...
Mas ontem eles lixaram tudo.

Ainda tenho de procurar nas notícias a confirmação do que ouvi ontem no Jornal da 2, mas se for verdade...

Então os gajos andam desde o início a dizer que não são contra a avaliação, são contra este particular modelo de avaliação e depois afinal a proposta apresentada pelos sindicatos é de que a avaliação seja feita por cada professor individualmente a si próprio?!
Perdi-me. Qual é a diferença entre isto e a não existência de avaliação? Então afinal são ou não são contra a avaliação?


Comecei a pensar na proposta deles... E se calhar até é boa ideia! Vamos alargar isso a outras actividades! Por exemplo: os magistrados!
Vamos acabar com os inspectores e vamos pôr cada magistrado a reflectir sobre o seu próprio trabalho e auto-avaliar-se! Que dizem? Já estou mesmo a vê-los, fechados nos seus gabinetes que cheiram a pó, com a luz do candeeiro e a secretária cheia de processos, de olhos fechados a reflectir profundamente e a fazer uma balanço da sua actividade naquele ano... O país só ficava a ganhar, não era?


Enfim...



Adenda (13/12/08, 15.45h): Uma das notícias que refere a tal proposta encontra-se aqui.

9 sobreviveram ao "lápis azul":

Rebeca disse...

O problema é que quem dá a opinião são sempre os sindicatos, e aí há demasiados interesses...

Anônimo disse...

Eu senpre fui contra a greve dos professores...sempre achei um absurdo, principalmente quando constatei com os meus próprios olhos a festa que decorria na baixa de Lisboa há umas semanas atraz.
Por acaso na semana passada conheci um dos acessores do Sócrates e uma das coisas que ele me disse e que me deixou ainda mais 'contra' a greve dos professores foi que existiam milhares de professores de baixa médica durante mais de 3 anos, a dar explicações em casa e a ganhar assim dinheiro 'ao negro' e sabendo que independentemente do que fizerem, chegam aos 40 anos com um certo prestigio que já ninguem lhes tira e depois queixam-se. E isto só alimenta a raiva de estimação que sempre tive por professores...

Eu não percebo nada de politica, até porque essa não é uma das áreas que me chame mais a atenção (ou seja, sou mesmo uma completa ignorante em politica), por isso, a minha opinião não é muito de levar em conta xD

Anônimo disse...

Eu tenho um "pé atraz" no que diz respeito aos professores...
Têm um dos sindicatos mais poderosos e acabam sempre por chegar onde querem...
Que outra profissão tem um concurso anual para colocações???
É verdade que há muito desemprego na profissão... mas bolas! Parem de os formar!!! Deveria de haver uma cota para licenciados pelas distintas áreas de acordo com as ofertas, em chegando a um determinado nº, parou!
Sou animadora Sociocultural, e lembro-me de quando terminei o curso o ministério da educação ter aprovado os prolongamentos disemdo-se estes assegurados por animadores! Os pobres dos meus colegas pulavam de alegria... era quase certo emprego para dar e vender! Vai-se a ver quem foram os animadores colocados??? Professores não colocados!
E assim o ministerio conseguiu cessar a fenprof e outras!
Qualquer maldade e rancorzito detectado deve-se a uma noite mal dormida :o

***

Cris disse...

Eu digo, que maus profissionais há em todo o lado e em todas as profissões. Mas uma das coisas de que se queixam os bons profissionais é que passam muito tempo a preencher papelada. Tempo esse que poderia ser mais producente a dar apoio a um aluno ou outro. O que se passa é que a escola deixou de estar centrada no aluno e passou a estar centrada em burocracia e números! E o sistema é uma m**** sim. É que a filosofia é: não obriguem os meninos a pensar, que nós, que estamos no poder, queremos ovelhinhas que facilitem o nosso trabalho. Perigoso, muito perigoso!!! Quanto ao sistema de avaliação, é claro que a proposta a que a gayja se refere é absurda. Mas nem 8 nem 80.

Mia disse...

Concordo com a (outra) Mia. Parasitismo e incompetência já era, agora é trabalhar mais que uma horas por dia e ser avaliado pelos resultados. Pão nosso de cada dia para a maioria. Ponto.

Gayja disse...

Rebeca, aí entra a GRANDE questão dos sindicatos e da sua representatividade e seriedade... Nem vou entrar por aí...

Mia, não estive presente em nenhuma manifestação dos professores mas não vejo porque não há-de ser feita de modo animado... (mas falo totalmente em abstracto porque, como já disse, não vi pelos meus próprios olhos)
Quanto ao resto, como bem alerta a Cris, é preciso ter cuidado com as generalizações (se bem que, obviamente, não se pode fechar os olhos à realidade e ao facto de esse tipo de abusos ocorrerem e todos nós sabermos que esses professores também vêm com bandeiras para a rua em vez de terem vergonha e ficarem em casa quietinhos...)

Pequena lés, concordo contigo nesse ponto da limitação dos números de vagas para formação de professores. O problema é que se entrarmos por aí... começamos a cortar vagas em todos os cursos! E não é preciso ir muito longe, o curso de Direito é um excelente exemplo do excesso de licenciados que saem todos os anos neste país... Acho que o grande mal é que passaram-se demasiados anos a criar uma classe de professores mimados (habituados a um certo status e regalias que de forma alguma é admissível num país como o nosso).

Cris, tenm toda a razão quando afirma que há maus profissionais por todo o lado. Felizmente tive a oportunidade de ter como professores algumas pessoas que se dedicavam inteiramente ao que faziam e tenho mesmo próximo de mim professores que o são porque adoram o que fazem e vivem para os alunos. Infelizmente, são uma minoria.
Relativamente à filosofia de "não cansar muito a cabecinha dos meninos" é óbvio que sou totalmente contra. Mas a verdade é que não é muito diferente do que tem vindo a ser feito há já alguns anos... Como muito bem dizia um professor meu: o mal é que hoje ensina-se às criancinhas que um ursinho mais um ursinho é igual a dois ursinhos quando o que se devia ensinar é que um nada mais um nada são dois nada (ou seja, estimular a capacidade de pensamento abstracto). Mas, como te dizia, não é algo que este Governo traga de novo, já vem sendo feito há muitos anos...
Quanto à proposta a que me refiro, é absurda sim, mas não fui eu que a inventei! É mesmo a proposta apresentada pela Plataforma Sindical dos Porfessores! Ora veja aqui.

Mia, a maioria dos professores está muito mal habituada... (mas, mais uma vez, muito cuidado com as generalizações!)

Anônimo disse...

o post é injusto do principio ao fim uma vez q os profs da sua cidade n correspondem à maioria nacional, o que aqui fala é de uma pequena maioria e em espaço restrito; como diz o ditado " quem está no convento é que sabe o q lá vai dentro"... Posso-lhe dizer que o processo de avaliação baseado na auto-avaliação foi primeiramente criado pelo ministério e administrado pelo mesmo durante décadas, ora se agora está mal então devem assumir o erro de o ter posto em prática durante o tempo em que existiu.
Segundo, como é óbvio depois de 11 anos a dar aulas não posso ter medo de ser avaliada por terceiros uma vez que sei o q valho e esforço-me p tal, o que n posso aceitar é que todos os profs sejam avaliados mediante o número de docentes de determinada área dentro de um agrupamento, ou será q para si era justo será avaliada numa sociedade de advogados n perante os seus resultados m de acordo com o número de lugares disponíveis nessa mesma empresa?
o q o ministério quer não é justo, humano e mt menos pedagógico pq o que pede é q os coordenadores de departamento dêem as notas que o ministério quer e n as que realmente merecem, pq tudo, tudo, tudo tem a ver com a questão das cotas, m isso penso eu q só entenderá qd entrar p o mercado de trabalho e o sentir verdadeiramente na pele.
É pena, q a nossa posição seja sempre tão mal defendida e representada, mas uma coisa é certa , é q toda gente sabe apontar o dedo ao mesmo tempo q diz q nunca teria uma profissão como a nossa, ora perante isto a incoerência instala-se.
Mais, isto nada tem a ver com lutas partidárias pq se bem ouviram as notícias até associações de profs não sindicalizados se moveram pela primeira vez, juntamente com a confap, concelho de escolas e conselho científico-pedagógico,e ainda em relação a este último organismo q trabalha directamente p o ministério posso-lhe ainda dizer que se demitiram e alguns até se reformaram antecipadamente uma vez que estavam a realizar um trabalho com o minist. com o qual tb n concordavam.
ora como vê são mts as situações, mts as hipocrisias, mts as opiniões mal formadas até mesmo em comunicação social e muita falta de respeito perante uma classe q apenas quer que os deixem fazer de forma pedagógica e saudável aquilo que gosta e p o qual andou anos a preparar-se e vai continuar a preparar uma vez que é das profissões q exige constante actualização de conhecimentos p conseguir atingir os objectivos a q se propõe.
Termino dizem aos restante q se enganem q o ensino vai melhorar com estas avaliações a q estamos sujeitas pq o q se pretende apenas com isto é q todos os profs não subam de escalão p não receberem mais de ordenado, sim pq no ensino não se paga à aula ou ao dia o q queremos, paga-se ao escalão e ao índice de vencimento, sendo este vencimento aquele q corresponde ás horas de aulas que se dá ficando sempre de parte questões pq o ensino nunca se restringe a uma só área m isso a maioria só perceberá no dia em que estiver à frente de uma turma com 30 seres individuais cada um c a sua especificidade afectiva, em salas geladas e velhas cujos quadros de electricidade desligam constantemente pela fraca potência q teem sp que se ligam os aquecedores e em escolas q estão a cair de podre por conta dos protocolos de luxo entre o minist. e as autarquias.
Um aluno é e será sempre um aluno que tenho q respeitar , aceitar e desenvolver, não é nem nunca será um caso que me posso dar ao luxo de não defender pq não vai ao encontro daquilo q mais gosto, nós não temos nem nunca tivemos essa postura e prova disso é q há colegas q já foram bem mal tratados fisicamente.
No dia em que quiserem falar sobre educação então leiam primeiro o Estatuto da Carreira Docente aprovado em 2006 que levou a todo esta luta e dp opinem pr vós próprios e n pelo q parece ou por vivências ainda mal resolvidas.

rv

x-pressiongirl disse...

Subscrevo cada palavra de rv. Sendo professora e considerando que faço um bom trabalho adoraria ser avaliada por alguém que reconhecesse o meu trabalho de forma objectiva, não por ser minha amiga ou por achar-me boa pessoa, mas por considerar que sou capaz de transmitir conhecimento e manter os meus alunos motivados.
Quem é que me poderia avaliar?
1. outros professores?
Se são professores avaliam os alunos e não os colegas. Além disso, sendo também professores, estarão eles mesmos a dar aulas e não a assistir às minhas. Sentir-me-ia deveras constrangida se tivesse de avaliar um colega em iguais circunstâncias. Recusar-me-ía como muitos professores têm feito e bem!;
2. pelos alunos?
Parece-me mais coerente dado que são os principais interessados. Contudo, conseguem garantir-me que os alunos serão sérios na sua avaliação e não me irão penalizar por lhes ter dado uma nota negativa?
3. Os pais dos alunos?
Esta proposta seria tão ridicula que nem merece comentário.
4. Os resultados dos testes dos alunos?
Sentir-me-ia tentada a dar boas notas a todos para que não fosse penalizada na minha carreira.
(...)
Para que a avaliação fosse justa, todos os alunos teriam de estudar em boas escolas e todos os professores deveriam ter aceso às mesmas condições de trabalho. De facto, não encontro solução para isto por mais que queira ser avaliada.
Esta história da avaliação dos professores é manobra de entretenimento da parte do governo que na covardia de assumir que o desastre do sistema de ensino neste país se deve à falta de equidade social (no acesso e na frequência de boas escolas e universidades) e ao sucessivo desinvestimento nesta área tenta a todo o custo jogar as culpas para cima dos professores (há obviamente bons e maus professores).
Enquanto a sociedade discute como se deve avaliar os professores não discute sobre o desinvestimento no Ensino. Eis a malvada estratégia de um (des)governo que lava as suas mãos ao mesmo tempo que sufoca escolas e universidades.
Antes de avaliar professores gostava também de avaliar magistrados, gestores e políticos, pode ser?

kris disse...

Entendo de certa forma a posição dos professores. Mas não digam que não tem tempo para o modelo de avaliação por mais complexo que possa ser...porque isso não cabe na cabeça de ninguém, não concordar com determinados itens até aí tolera-se, mas falta de tempo?? E outra coisa que não acho muito correcto...as manifestações..enquanto os professores andam em manifestações, os alunos estão sem aulas, será que por algum momento pensam neles? não tenho nenhum filho a estudar..se tivesse teria uma opinião muito menos favorável quanto às manifestações. Talvez seria mais correcto da parte dos professores fazerem as mesmas aos fins de semana não? Não prejudicando a educação..porque o ensino já não tá muito famoso..e sem a colaboração daqueles que são os pilares dele...não vai melhorar mesmo.
A senhora ministra e o governo em si estão a ser "teimosos", estando eles também a prejudicar o ensino.

Agora que os professores DEVEM ser avaliados DEVEM SIM, toda a função pública o é, como funcionária pública que sou, também eu sou avaliada, trabalho 36 horas semanais, fora as horas extras que faço, encaro a avaliação como uma motivação, um incentivo a aperfeiçoar-me.

quantas aulas já perderam os miúdos ?? devido às manifestações? pois......