Haja brio, caraças!

Ando há alguns dias a querer escrever sobre a falta de brio e profissionalismo com que se enfrentam certos desafios profissionais ou meramente lúdicos.
A única razão porque este post ainda não tinha sido publicado era o medo de reacções menos positivas.
Mas depois pensei "ora bolas, se nem no meu blog digo o que penso, onde o direi então?".

Por isso, cá vai.

Neste país tudo é feito às três pancadas sob pretexto de um terrível lema segundo o qual "o que interessa é ficar feito".

E R R A D O !

O que interessa é ficar bem feito! Porque se for para "desenrascar", mais vale não fazer!
Haja vergonha!

Encontra-se essa mentalidade na faculdade. Quem é que nunca ouviu, numa altura de desalento por uma nota baixa que não correspondia ao esforço empregue, o consolo de um colega que dizia "deixa lá... o que interessa é que está feita!".

E R R A D O !

Antes chumbar do que passar com 10! Pelo menos um chumbo corresponde à oportunidade de no próximo semestre fazer muito melhor e passar com uma nota alta. Um 10 é um "nim". Um 10 é uma maneira simpática que o professor tem de dizer "sabes o mínimo para te desenrascares, agora desaparece da minha frente". É preferível o professor pensar "toma lá um 8 porque vê-se que não puseste os pés nas aulas nem estudaste nada" e no semestre seguinte o aluno mostrar o seu valor.

Também nos diversos locais de trabalho se encontra esta mentalidade. No Sábado, uma amiga contava-me como tinha estado horas a fio a fazer um trabalho e falava sobre o tempo que tinha gastado com os cuidados na formatação apenas para, posteriormente, a sua superior hierárquica, que abriu o trabalho com outro programa o que fez com que este ficasse bastante alterado, desvalorizar completamente esse brio e querer levar para impressão um trabalho final cuja formatação era ridícula. Aparentemente, para essa superior hierárquica, o que interessava era que estivesse feito...

Na semana passada também assisti a outra demonstração de falta de profissionalismo e brio. Um grupo de pessoas propos-se apresentar um projecto que, do meu ponto de vista, era até bastante interessante. Acreditei mesmo que tal apresentação iria ser cativante pois jogava a seu favor o facto de o produto apresentado ser bom. Contudo, no final só pensava "mas isto é coisa que se apresente?". A apresentação foi, nitidamente, encarada com um espírito de "desenrasca". "Descontraída!", dir-me-ão. Ao que responderei: não me parece que descontraído tenha de ser sinónimo de falta de preparação e brio. Preparação e brio esses que evitariam a passagem para o público da imagem de quem "não sabe muito bem o que está ali a fazer ou o que há-de dizer" quando o que se pretende é cativar.

Estes são apenas os exemplo que consigo recordar neste momento.
E os exemplos que se referem a outros (ha! achavam que eu vinha para aqui expor os meus podres?).
Pode parecer coisa pouca, mas creio que é mesmo algo que afecta bastante a qualidade do que é feito em Portugal e impede que certas ideias/projectos tenham o sucesso que deveriam/poderiam ter.

2 sobreviveram ao "lápis azul":

Leonor disse...

o nosso país rege-se pela lei do "aqui vai disto que é uma pressa" e é lamentável que assim o seja.

Anônimo disse...

Sem tirar nem por!!!

As coisas, pelo menos como eu penso, ou são pra ser bem feitas, ou pura e simplesmente não faço!

Se é pra passar uma noite mal dormida, que passe se o resultado final é bem melhor do que fazer algo na moda do desenrasca...!

E talvez seja mesmo por isso que o país não vai pra frente, pois os portugueses têm alguma dificuldade em tentar ir mais além...

mas enfim, que fazer?

tentamos nós lutar pelos nossos sonhos, com a maior garra possível...

acho que tens razão, a sério...