Descendência e boas notícias

Filhos?
Sempre disse que não queria. Queria ter sobrinhos!! Muitos sobrinhos (o meu único irmão nunca me deu muito troco no que toca ao "muitos"...)!! Mas filhos meus?? Não!

Depois, inevitavelmente, cresci e comecei a ver a vida de outra forma...
Entrou na minha vida uma pessoa que sempre deixou bem claro que queria ter filhos biológicos dela (e meus também, possivelmente). Aos poucos, a ideia deixou de me causar tanta repulsa e comecei até a achar alguma piada imaginar-me a criar "putos".
Isto, obviamente, tudo no plano abstracto... Quando começava a pensar na realidade e no que seria a vida dos meus filhos com duas mães nesta sociedade medieval começava a entristecer, desanimar e logo desviava o meu pensamento desse assunto...

Felizmente, hoje estou com uma pessoa que não me pressiona e não bate o pé no que toca a descendência. Partilhamos aproximadamente a mesma posição neste assunto. Filhos, nos próximos anos, definitivamente não. Mais tarde, quem sabe: talvez sim, talvez não. Eu ou ela: logo se verá, cada coisa a seu tempo.

Contudo, devo confessar que houve sempre uma ideia que me atraiu de alguma forma... Mesmo quando era mais jovem pensava muito nisto: gostaria de um dia poder adoptar uma criança.

Dito isto, nada surpreende que hoje, ao folhear o jornal Público durante o café após o almoço, tenha incontrolavelmente esboçado um enorme sorriso ao ler o primeiro título da página 20:

"Tribunal condena França por impedir homossexual de adoptar uma criança".


«O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou ontem a França por discriminação sexual, por ter recusado a uma mulher homossexual o direito a adoptar uma criança. (...).
O Tribunal "considera que a requerente foi alvo de tratamento diferenciado", diz a sentença. E sublinhou que esta diferença "constitui uma discriminação na perspectiva da Convenção" dos Direitos do Homem, uma vez que se baseia exclusivamente na orientação sexual.
(...) concluíram que a violação do artigo 14.º (que proíbe a discriminação), combinada com o artigo 8.º (direito ao respeito pela vida privada e familiar) da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, dava razão à requerente (...).
Trata-se de uma educadora de infância que vive desde 1990 em união de facto com uma psicóloga (...).»

:)

4 sobreviveram ao "lápis azul":

Anônimo disse...

Concordo contigo quanto á tua visão do tema, ter filhos ou não é uma opção nossa. No entanto, devemos ter o mesmo direito que os restantes, e caso o pretendamos devemos puder adoptar uma criança.
Este direito deve ser facultado a todos aqueles que têm vontade, capacidade e amor para educar uma criança, independentemente da sua orientação sexual.
Bjos
Dantins

Gayja disse...

Ora nem mais. ;)
Bjo

Anônimo disse...

A pouco e pouco, a nível legal, as coisas até vão andando… devagarinho é certo, com alguns passos de caranguejo pelo meio, mas vão… Agora como tu dizes nesta “sociedade medieval”, que desconhece por completo o respeito pelo próximo e pelas suas diferenças, vai ser difícil conseguir educar os filhos, biológicos ou adoptados, sem levar com os preconceitos na cara. Admiro quem tem coragem e força para o fazer… embora o desejo me passe pela cabeça muitas vezes, acho que neste momento ainda não conseguiria encontrar essa coragem… muito menos neste país.
Desculpa a invasão.
bjs

Gayja disse...

Bem vinda! :)
bj