(nostalgia - cont.)

Já que não tenho tempo para pensar noutros temas...

Nem sempre as orais me correram bem. Uma vez, apenas uma, as coisas correram mal (muito mal mesmo).

Estava em Erasmus.
E a oral estava marcada para a manhã. Um tema era sorteado 20 minutos antes da hora marcada sendo que durante esses 20 minutos íamos para uma sala prepará-lo. Tive logo azar com o tema (costumo ter bastante azar neste tipo de sorteios).
Fui para a sala reler umas coisas, ver umas sentenças... Foram chamar-me e lá fui eu para a outra sala onde estava o Professor e o Monitor.

Comecei por falar do tema que me tinha sido atribuído. Primeiro os aspecto mais gerais do assunto... depois ele foi fazendo perguntas sobre assuntos mais complicados... E eu fui-me enterrando.
Fez-me uma pergunta e eu fiquei totalmente a zero. Tive mesmo de dizer "não sei".
Nesse momento deu-me uma vontade enorme de me levantar e vir-me embora. Mas o Professor não estava com vontade de me deixar ir.
Mudou radicalmente de tema e aconteceu exactamente o mesmo: quando eram assuntos mais superficiais eu sabia, quando a coisa exigia alguns conhecimentos mais aprofundados eu enterrava-me...
Só queria sair da sala... Queria sair de lá a correr!
Mas ele não desistia!

Ofereceu-me um copo de água. Eu aceitei. Ele pegou no copo com uma mão... Pegou na jarra com a outra... Começou a verter água para o copo... A tampa da jarra caiu e ele espalhou toda a água por cima da mesa e das nossas folhas.
Aí sim, eu soube, estava tudo perdido.
Pediu imensa desculpa mas, mais uma vez, eu só queria sair dali... Aquilo estava a tomar contornos de tortura!
Pegou numa folha, fez um desenho e colocou uma questão relacionada com o desenho.
Eu nem vi bem o desenho, nem ouvi a pergunta. "Não sei" e por favor deixa-me ir embora... (pensei eu).

Finalmente ele desistiu (eu já tinha desistido há muito). E deixou-me sair.
Foi das maiores vergonhas da minha vida.

Passado uma semana foi marcada outra oral para a mesma disciplina.
Uma semana de Gayja Maria enfiada na biblioteca 13h por dia. Não podia voltar com uma cadeira por fazer... Isso sim, ia ser uma grande vergonha (além de que os meus pais não iam achar piada nenhuma...).
Quando lá voltei, sabia tudo de uma ponta à outra. Não me escapou nada! E safei-me com uma nota jeitosa.
No final, já fora da sala, o professor passou por mim e disse: "Estás a ver... Afinal não era assim tão complicado!"

Pois, até nem era. Mas fiquei traumatizada (ainda hoje sofro a lembrar-me daquele momento).

2 sobreviveram ao "lápis azul":

Papoila e Orquídea disse...

Isso faz de nós duas. Pior ainda é quando a sala da oral está repleta de ossos e órgãos em formol (que cheiro)!

Anônimo disse...

o pior de uma oral é quando sabemos que não sabemos e eles insistem em dar-nos oportunidades (para nos enterrarmos ainda mais...). conheço a situação e o sentimento, tive uma assim. é uma tortura. chumbei, claro. nem lá devia ter ido... (ontologia, grande pincel, o professor era um horror... e eu que fiquei, já licenciada, a adorar aquela cena... enfim...)