Marcha LGBT, dia 20 em Lisboa

Estou com pouca paciência para grandes discursos acerca da importância de todos ( T O D O S ! ) irem e participarem na Marcha LGBT que se realizará dia 20 em Lisboa.

Já disse o que tinha a dizer aqui, aqui e aqui e outras pessoas já o disseram muito melhor.
Não estou com paciência para estar a insistir e voltar a explicar a importância da participação na Marcha porque é demasiado evidente e se alguém ainda não percebeu é porque não quer perceber mesmo!


Se o que pretendem é passar o resto da vida sentados no sofá a queixar-se da discriminação, do quão injusta ela é e de como condiciona a vossa vida, deixai-vos ficar sentadinhos porque os direitos hão-de mesmo cair-vos no colo, de mão beijada!

Se o que pretendem é passar o resto da vida a comentar como é triste, a pena que têm e o quão injusto é que aquele vosso amigo ou filho ou primo homossexual tenha de viver limitado e com medo de partilhar a vida com o seu parceiro com a normalidade e o à vontade com que vocês o fazem, deixem-se ficar sentadinhos no sofá!

Mas depois não venham com o paleio de "isto não pode ser", "isto é injusto", "eu faço a minha luta por dentro do sistema" porque tudo isso são tretas, meras palavras ocas!

Uma vez por ano têm esta oportunidade brilhante de demonstrar o vosso descontentamento e, juntamente com outras pessoas que lutam pelo mesmo, reivindicar uma alteração. Não a desperdicem!

E se julgam que a Marcha não tem impacto nenhum, imaginem o que seria no dia 21 a primeira página de um jornal dizer que a Marcha tinha reunido 10 000 pessoas. Estamos longe desse número? Muito provavelmente sim. Mas como julgam que lá se chega? Ficando no sofá à espera que os outros sejam número suficiente?

Finalmente, para os que confundem a Marcha com um circo (e que insistem em justificar a sua ausência com essa "desculpa" da treta), que tal irem ver pelos vossos próprios olhos? Garanto-vos que ficariam surpreendidos.
É que palhaços só mesmo os que discriminam, os que insistem em não reconhecer a Marcha como uma forma de luta fundamental e os esperam que os outros façam a luta por eles!

8 sobreviveram ao "lápis azul":

B' disse...

Como sempre, muito bem dito.

lr disse...

uma vez que a marcha este ano é desfasada do arraial, bem que pode participar muito mais gente! até me passou pela cabeça que para a coisa ser impressiva, deviamos ir todas e todos amordaçados (simbolicamente), que é mais ou menos como as pessoas lgbt estão nesta sociedade.

Gayja disse...

Amordaçados? Mas dessa forma como gritaríamos até sermos ouvidos nos 4 cantos do país? ;)

lr disse...

há "imagens" que valem por milhões de palavras...não?

Gayja disse...

Mas essas imagens só valem se forem publicadas/transmitidas/vendidas e, infelizmente, a Marcha ainda não tem a cobertura e o relevo na comunicação social que merece.

lr disse...

correcto. e eu que não tenho certezas, posso garantir que esta marcha vai ter grande cobertura, provavelmente televisiva - o que não quer dizer que isso seja positivo. o resto foi só uma ideia. é só :-)

maria carolina disse...

Minha tão querida: e quem não sente (e agora fiz aquele gesto de tocar no peito a querer dizer "lá bem no fundo", significando "nas entranhas") a discriminação, a injustiça, a vida condicionada, o medo... onde é que encontra o sentido para ir à Marcha?

Gayja disse...

Pára tudo! Este dia acabou de se tornar memorável para este blog! :)

Espero que não me leves a mal o tom um pouco mais duro com que te respondo...(acredita que é com todo o carinho que o faço)

Julgo que a resposta é muito simples: encontra esse sentido nos seus mais queridos que sentem e vivem tudo isso.

Não julgo que a Marcha seja apenas uma manifestação individual de várias pessoas. É, sim, uma manifestação de várias pessoas por um mesmo ideal.

Eu não vou lá apenas porque às vezes a discriminação em função da orientação sexual me faz ter medo ou receio (principalmente no que diz respeito à minha vida profissional), porque sinto a discriminação em casa ou porque pretendo um dia casar com a mulher que amo e tal me está vedado.
Vou também porque a discriminação é errada e, acima de tudo, dá azo a inúmeras situações de injustiça. E, como bem saberás, a justiça é o valor que mais me faz mover.

Além disso, ainda que eu não fosse gay, julgo que iria à Marcha porque faz parte da luta pelos direitos dos que me rodeiam, dos que me são queridos e, quem sabe um dia, dos meus filhos.

Uma coisa seria alguém me dizer que não vai à Marcha porque não vê ou acha que não existe essa a discriminação, injustiça, vida condicionada, medo... Custar-me-ia a crer mas para quem não quer ver não há remédio...
Outra bem diferente é não participar na Marcha apenas porque se tem a SORTE de não sentir nenhum desses receios. Julgo que tal consiste numa visão demasiado individualizada (e egocêntrica?) da questão...